PROFESSOR

 


Encontrei no You Tube uma matéria que julgo relevante. Intitulada “Os Dramas de Santa Catarina” traz uma abordagem de problemas que passam desapercebidos porque tanto os políticos quanto os veículos de comunicação preferem o comportamento midiático. A oposição é muito fraca e não discute os temas mais relevantes. O professor e pesquisador Lauro Mattei, coordenador do Núcleo de Estudos da Economia Catarinense, da UFSC, cita, por exemplo, a litoralização populacional. Nosso Estado tem 295 municípios dos quais 14 tem mais de 100 mil habitantes e concentram o desenvolvimento regional. 101 cidades tem até 5 mil habitantes e 31 delas possuem menos de 2,5 mil moradores. Esses pequenos municípios tendem a ir diminuindo cada vez mais, por falta de estrutura e de oportunidades. Luiz Henrique da Silveira tinha um plano de descentralização que não deu certo. Carlos Moisés tentou com o seu Plano Mil e perdeu a reeleição. No plano de governo de Jorginho Mello, que tem 11 áreas de ação, todas sem qualquer diagnóstico da realidade e o que precisa ser mudado. Criticou ações que aplaudimos, como o programa Universidade de Graça, porque tirou recursos da educação básica, e as 10 escolas cívico-militares, com a pretensão de mais 20, porque são mais caras do que as normais e o aproveitamento dos alunos revelou-se inferior. Por colocar o dedo na ferida, vale a pena assistir ao depoimento do professor.


POÉTICA


Volto à leitura de O Dom de Casmurro em que o autor José Endoença Martins trás o Bentinho para o Jaracumbach. Este continua contando a sua vida. Tinha o Saci, boneco que carregava aonde ia, na escola, futebol, brincadeiras. A mãe só não deixava levar para a missa. “Lá é lugar de santos” dizia. Para ele o Saci tinha a sua própria santidade, embora a cor negra pudesse sugerir, a alguns, a ausência de beatitude. Para outros, parecia indicar uma espécie de mutilação do afro-brasileiro. Ao lado do Saci que falava no rádio e o boneco companheiro, o futebol se incluía na lista de elementos que marcavam o meu ingênuo, mas profundo respeito à raça nossa. Por causa de Pelé, eu assumia o futebol como uma criação especialmente negra e nossa. Os treinos no infantil do Vasto Verde consolidaram minha habilidade técnica com os pés. Meus gols eram admirados por muitos. Sentia tremendo orgulho quando entrava com bola e tudo. Hoje, ainda me convenço que o Saci da novela, o Saci boneco e a bola foram, na minha infância, os motores da minha autenticidade racial. E também muito da minha acuidade poética.


OUTRA


Meu exemplar do livro, em alemão, sobre os canhotos está descansando na mesinha de cabeceira. Hoje quero lembrar um dos nossos grandes escritores regionalistas que, infelizmente não vive mais: Enéas Athanázio. No seu “Livro sobre livros” homenageia autores catarinenses. Sob o título “A Saga de Um Cenáculo e Seu Idealizador” comenta, inicialmente sobre o criado por Monteiro Lobato, que passou para a história como Minarete. Depois foca o cenáculo “Grupo Literário A Ilha” criado em 1980, em São Francisco do Sul, por Luiz Carlos Amorim. Extrapolou o seu próprio nome e tornou-se agitador cultural. Depois transferiu-se para Joinville e posteriormente para Florianópolis. Nasceu numa ilha e aninhou-se em outra.


INDÍGENA


Já o professor Lauro Bacca, com a colaboração do Cientistas Social Leocarlos Sievers, escreveu interessante artigo sobre a demarcação das terras indígenas. Afirma, com razão, que se há algo que funciona bem no Brasil é nossa capacidade de criar problemas para dificultar que as coisas funcionem bem. Defensor da Terra Indígenas e das Unidades de Conservação da Natureza, comenta que Decreto Federal de 1926 criou a Terra Indígena de Ibirama com 20 mil hectares. Área desapropriada da Companhia Colonizadora Hanseática, no Vale do Itajaí. 26 anos depois o governo federal, através do Serviço de Proteção ao Índio e da Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, suprimiu seis mil hectares da referida Terra Indígena.


EUROPEUS


Em 1952 o Governo do Estado promoveu a venda de 186 lotes para família de colonos, que tiveram suas terras tituladas em 1956. Em 1996, a Terra Indígena de Ibirama foi homologada pela União com 14.084 hectares. Três anos depois relatório da FUNAI propôs a ampliação para 37.108 hectares. Recuperação da área original, que há 40 anos vinha sendo cultivada pela famílias de colonos e incluindo novas terras. No seu relatório de 1999 a Funai, para justificar um item da portaria para demarcação da área, chega a relatar a existência de um cemitério, quando os nômades Xokleng queimavam os seus mortos. Da mesma forma, menciona, como fonte de proteína alimentar, o mutum, ave que vive no norte da Amazônia, a milhares de quilômetros e que nunca levou uma flechada Xokleng. Não obstante tais inverdades, ainda usa estranhas linhas retas, algo que jamais foi critério para a delimitação de áreas ocupadas por povos indígenas antes da chegada dos europeus.


DIVIDIR


Linha Reta decepou parte da frente da Reserva Biológica Estadual do Sassafrás. Terra Indígena e Reserva Biológica são coisas diferentes, que podem ser boas vizinhas, mas nunca sobrepostas. Como indígena não é sinônimo de preservação, Lauro Bacca é testemunha ocular de que indígenas depredaram o patrimônio biológico da reserva. Se temos 3 Terras Indígenas e 3 Unidades de Conservação Biológica totalizamos 6 importantes áreas protegidas. Porém, só restarão três se forem simplesmente sobrepostas. Cada qual requer rigorosos critérios para sua criação e implementação. Vamos acabar com a confusão que origina interminável disputa jurídica. Vamos somar em vez de dividir.

 

PODEROSOS


O presidente da Câmara Federal, Hugo Moura, disse, no Forum Esfera 2025, que vai derrubar o decreto de elevação do IOF e que vai aguardar o governo colocar na mesa o pacote com o corte de benefícios fiscais. Na reunião, desde dominto, com a equipe do ministro Fernando Haddad, será discutido o corte das isenções fiscais que ao longo do tempo foram dadas em nosso país. Uma conta que só aumenta e não tem absolutamente nada de acompanhamento sobre o que é recebido em troca. “Há um sentimento na Câmara e no Senado que a hora de um debate mais estruturante chegou”, foi o que afirmou. Eu apoio porque o IOF atinge a todos e o corte dos benefícios só vai penalizar os patriotas mais poderosos.

 

ITÁLIA


A seleção feminina de voleibol do Brasil, testando algumas meninas realmente adolescente, sofreu, no Maracanãzinho lotado, para conseguir a sua terceira vitória na Liga das Nações. As adversárias da equipe da Alemanha perderam o primeiro “set” de 25 a 23 e depois desequilibraram o nosso time. Venceram o segundo “set” por 25 a 21, terceiro 25 a 21 e estavam 6 pontos na frente no quarto “set”. O Basil, porém, reagiu e ganhou de 25 a 20. Levou a decisão para o “tie-brake”. Aí quem se perdeu na quadra foram as alemãs e por 15 a 8 demos uma aula de bloqueios. Neste domingo, 10 da manhã, a decisão pela liderança entre Brasil e Itália.





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