ESTREITA

 


Depois de mais de 130 anos vai ser retirada a carcaça do navio inglês Pallas, que fazia a linha Rio de Janeiro-Montevideu e, durante a Revolta da Armada, acabou naufragando na boca do Porto de Itajaí, impedindo a entrada de navios maiores. Espero que não vá demorar tanto assim até que consigam arrumar a porta do lado do estacionamento do Ambulatório Geral Haroldo Bachmann, que está impedindo a entrada de cadeiras de rodas. Acredito ser impossível que não haja recursos para mandar fazer uma chave nova ou trocar a pequena fechadura, embora alguns messes já se passaram e até agora o cadeirante que se vire, porque a calçadinha lateral é intransitável e pelo meio da rua é impossível passar, não só por causa dos paralelepípedos, mas também por causa do trânsito intenso e tumultuado nos dois sentidos da rua estreita.


SEMELHANTES


A Polícia Militar do Estado de Santa Catarina está comemorando 190 anos de existência. Tem todo o direito de festejar e nós também devemos celebrar, principalmente ao ouvirmos tantas mazelas que ocorrem em outras unidades da federação. A nossa PM é digna de elogios pela sua formação e presta relevante serviço à segurança dos que aqui vivem e nos visitam. Não são poucos os atos de bravura dos policiais militares que, arriscando a vida, prenderam ladrões armados, resgataram moradores de casas e prédios em chamas e salvaram pessoas que tentavam o suicídio. A PM foi criada como Força Policial em 8 de Maio de 1835 composta por 200 homens, sendo 50 soldados e 150 guardas municipais. Hoje o efetivo tem cerca de 24 mil policiais militares e mais de 500 unidades em todo Estado. Está sempre presente em qualquer acontecimento, zelando pela ordem e o respeito aos semelhantes.


POÉTICA


No livro O Dom de Casmurro, Bento se apresenta e revela traços autobiográficos do autor, José Endoença Martins. Conta que veio de Legbas e Exus, que a poesia da mãe era lavar as roupas dos alemães e italianos e que a do seu pai era construir casas para eles. Na infância sua poesia, sem poema, começou com o Saci e Jerônimo, o herói do sertão. Acompanhava as histórias pelo rádio, o Saci, mesmo sem uma perna, era perfeito para ele e não entendi porque não lhe davam um papel principal, que era só do branco Jerônimo. Tinha um boneco do Saci que levava aonde ia: escola, futebol e brincadeiras. A mãe só não deixa levar para a missa. Por causa de Pelé, assumi o futebol como uma criação especialmente negra. Os treinos no infantil do Vasto Verde consolidava sua habilidade com os pés, embora as jogadas eram quase todas intuitivas. Seus gols eram admirados e sentia orgulho quando entrava com bola e tudo. Está convencido de que o Saci da novela, o Saci boneco e a bola, na infância, foram os grandes motores da sua autenticidade racial. E muito também da sua acuidade poética.


DESTRUIU


Ali no Jaracumbach, a novela, o Saci e o futebol alimentavam a sua consciência negra para a qual desenvolveu a sua atividade recreativa: elaborar histórias. Os textos foram se formando no contato diário com o pequeno e velho rádio, na cozinha. Sua capacidade de contar uma história inspirou-se na maneira como os idealizadores da novela elaboravam as aventuras de Jerônimo, Saci e Aninha. Certamente inspiração branca. Seu primeiro conto, porém, foi o da descida do céu da mulher negra na praça central do Jaracumbach. O incentivo da sua mãe foi estimulante. Quando ela o chamou de poeta, por causa da história da mulher negra, sentiu-se bem orgulhoso. Era o seu primeiro texto. Embora não tivesse ousado um único poema, o considerava poeta. Ainda que ser chamado poeta, pela própria mãe, era muito mais gratificante que o apelido de “seio angelical”, que lhe foi dado pelos companheiros de jogo, numa alusão ao seio extirpado da mulher – o anjo negro – pela turba sanguinária que a recebeu na praça e a destruiu.


Vou continua lendo e comentando o Dom de Casmurro.


GAZA


Minha filha, que reside em Berlim e é secretária da direção do Charité, o maior instituto de pesquisas da Alemanha, comentou comigo que vários cientistas alemães estão voltando dos Estados Unidos, depois que Donald Trump assumiu o poder. Acabo de ler que a tradicional Universidade de Columbia demitiu 140 pesquisadores, após o corte de 400 milhões de dólares dos contratos regidos pela presidência da república, sob o argumento de antissemitismo. Resultado das demonstrações de professores e alunos contra as ações de Israel na Guerra da Faixa de Gaza.


REALIDADE


Como o Brasil, depois da Guerra do Paraguai, não parte para a ignorância da guerra e procura resolver os problemas diplomaticamente, apenas tendo alugado soldados para lutarem, na Itália, com uniforme cedido gentilmente pelos EUA, para que não morressem de frio, sou visceralmente antibelicista. Acho uma bestialidade os atos terroristas de palestinos e outros árabes, matando israelenses. Da mesma forma refuto o que as forças armadas de Israel estão fazendo contra a população civil palestina. Entendo, porém, o clima que lá foi produzido. Em 1947, após o Holocausto Nazista, criou-se um país em território palestino para receber os judeus sobreviventes nos campos de concentração e os que estavam espalhados pelo mundo. Estes, para resolverem o problema da falta de água, trataram de anexar ao seu território as Colinas de Golan. Os que viviam ali não gostaram, houve escaramuças e os mais fortes ampliaram suas terras e o domínio da região. A ONU, que foi responsável pelo fim da Diaspora, nada mais faz a não ser reclamar que não está conseguindo levar alimentos e medicamentos para a sofrida população. O Oriente Médio virou um barril de pólvora e o Vaticano pede paz mas não tem o poderio militar para forçar um cessar fogo permanente. Quem tem prefere fornecer armas e mais munição. É triste mas é a realidade.


SELEÇÃO


Tudo bem que o Fluminense foi jogar nos 3.300 metros de altitude de La Paz. Mas não deixa de ser um vexame ter perdido de 1 a 0 para o totalmente desconhecido GV San José, na quarta rodada da Copa Sul-Americana. O Atlético Mineiro, por sua vez, foi a Quito, saiu na frente e depois levou a virada. Perdeu de 3 a 1. Já no dia 7 o Vasco havia sido goleado pelo Puerto Cabello, na Venezuela por 4 a 1. A tábua de salvação é a contratação de Fernando Diniz, que acaba de assumir. Pela Libertadores, em Medellin, na Colômbia, o Internacional perdeu de 3 a 1 do Atlético Nacional e caiu para o terceiro lugar no Grupo F. O futebol dos nossos times está parecido com o da seleção.

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