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O Blog de hoje é para quem gosta de literatura e história da arte, fazendo reverência ao nome de Toulouse Lautrec, criador de um dos mais famosos cartazes de publicidade.


SANGUE


O premiado escritor catarinense, Enéas Athanázio, em seu “Livro sobre livros” conta que depois de longos anos teve um reencontro com a figura exótica e genial de Toulouse Lautrec. Foi no fascinante livro de Jean Pierre Mure, “Moulin Rouge”, traduzido por Lígia Junqueira, respeitada pela perfeição de suas versões. Henri Marie Raymond de Toulouse Lautrec nasceu em 1864, em Albi, na província francesa, filho de Conde, membro de família aristocrática cuja linhagem remontava à liderança das Cruzadas. Nunca porém fez uso do seu título de Conde. Como o pai passava a maior parte do tempo em Paris, ele vivia com a mãe e a criadagem num majestoso castelo. Com a Condessa, o menino Henri levava uma vida agradável, com passeios, viagens e toda sorte de diversões, desfrutando do carinho e amor materno, que retribuía plenamente. O pai planejava para o filho um futuro de luxo e fama, como convinha a um membro da nobreza. Quando chegou a idade escolar, foi mandado para um internato e separou-se da mãe pela primeira vez. No colégio, porém, fez amizade com Maurice, que se estendeu pela vida toda, inclusive com pacto de irmãos de sangue.


FILHO


O menino crescia forte e bonito, revelando aguda inteligência. De repente começou a sentir dores nas pernas e parou de crescer. Os melhores médicos foram chamados e não encontraram remédio para a estranha doença. Recomendaram temporadas em estações de águas medicinais. A mãe o levou em peregrinação por todos os balneários da França. Sem resultado. (Aqui meto a minha colher para dizer que se tivessem vindo a Santo Amaro da Imperatriz o Toulouse Lautrec teria voltado curado.) Só crescia da cintura para cima, com as pernas finas e atrofiadas. Só andava desajeitado e com o auxílio de bengala. Henri tornou-se um anão desconforme e feio de corpo e de rosto. Diante da cruel realidade, o pai se afastou. Poucas vezes voltaram a se encontrar. O Conde se frustrara com os projetos que imaginara para o filho.


MUITAS


Desde criança revelou extraordinário talento para o desenho. Traçava retratos e paisagens, trabalhos infantis, que em grande parte estão nos museus. Já moço decidiu ir para ambiente mais livre, onde pudesse se dedicar à arte. Contrariando a mãe, que temia pela sua saúde, partiu para Paris. Foi morar no bairro boêmio de Montmartre. Ali aprimorou o desenho e a pintura e passou a usar outras técnicas, como a gravura. Quis ingressar no “Salon”, a mais importante exposição da capital francesa, mas foi recusado. Sua obra era revolucionária demais, retratando a vida simples do povo. Enquanto isso entregou-se à boemia. Frequentava as casas de mulheres, das de luxo às mais sordidas. Morou numa delas, conhecia todas as mulheres pelo nome, foi confidente de algumas e pintou o retrato de muitas.


Van Gogh


Descobriu que quando tomava conhaque aliviava a dor nas pernas. Foi aumentando as doses até se tornar dependente. Toma bebedeiras, caí e se machuca. Dorme sobre as mesas de bar. Seu modo de vida escandaliza a nobreza. Não se importa e ri do falso pudor da aristocracia. Torna-se famoso, é reconhecido aonde vai, seus quadros aparecem nas vitrines das galerias e despertam o interesse dos maiores ‘marchands”. Convive com a ralé do bairro e insiste em retratar o “cancan”, dança popularesca e sensual considerada imoral pelos conservadores. É visto sempre em roda de aspirantes a artista, entre os quais se destaca Vincent van Gogh.


COLORIDAS


Numa das noitadas conheceu Zidler, um alsaciano

que queria criar uma boate sem igual no mundo. Construiu um prédio em formato de moinho de vento, pintado de vermelho vivo, iluminado de maneira feérica, bem no centro do bairro, e buscou as melhores bailarinas, atrizes, recepcionistas, garçons, “barmen” e gente da retaguarda. Nascia o Moulin Rouge, que se tornou uma das maiores atrações de Paris, com repercussão no mundo inteiro. Henri se alistou entre os mais assíduos frequentadores e ali pintava seus quadros, inspirando-se em cenas vivas e coloridas.


EXTERIOR


A boate, no entanto, começou a declinar. Zidler decide promover uma intensa campanha publicitária e procura Henri. Queria que ele desenhasse e imprimisse um cartaz monumental em litografia. Não sabia fazer a impressão em pedra. Frequentou a oficina de Père Cotelle, a maior autoridade no assunto, e pouco tempo depois dominava a técnica, para espanto geral. Produziu o cartaz do Moulin Rouge, colorido, vibrante, exibindo nítidas cenas de “cancan”.

Em poucos dias estava nas paredes, muros e fachadas de toda Paris e o nome de Toulouse Lautrec caiu na boca do povo e na imprensa. As opiniões se dividiam. Uns achavam indecente, outros obra de arte. Uns achavam imoral e outros uma obra-prima. Os críticos se renderam à beleza do cartaz e ao talento do artista. A campanha bem sucedida impulsionou a venda de seus quadros, que alcançaram elevados preços, inclusive no exterior.


DEFINHAR


Mas se a carreira ia bem, os amores iam mal. Denise, o grande amor da juventude, o repele com palavras ásperas, tachando-o de feto e aleijado. Marie Charlet vive com ele algum tempo no estúdio, exigindo cada vez mais dinheiro que rapassa ao gigolô, até que ele a expulsa. A linda e suave Marianne o abandona sem explicações quando ele se encontrava no exterior acompanhando uma de suas exposições. Solitário, só lhe resta o amor mercenário das mulheres da vida. Amargurado afunda no conhaque e começa a definhar.


FAMOSO


Doente e fraco, refugia-se em sua cidade natal e entrega-se aos cuidados da mãe. A Condessa se desdobra nos cuidados, mas é tudo inútil. Ele não caminha mais e permanece acamado o tempo todo. Nos dias derradeiros recebe a visita do pai, arrependido do abandono em que deixara o filho infeliz. Pouco antes de partir recebe telegrama de Maurice, seu irmão de sangue: “O governo acaba de aceitar a coleção Camondo para o Louvre. Você venceu, Henri”. No silêncio de Albi, diante de uma mãe desolada, desapareceu um artista que o mundo inteiro venera. Foi em 9 de Setembro de 1901. Toulouse Lautrec tinha 37 anos de idade. Morreu jovem e famoso.


FRENTE


As mulheres que são fanáticas torcedoras devem estar felizes e as que não gostam de futebol aborrecidas. Na tarde deste sábado foi dada a largada para a temporada nacional e internacional dos campeonatos e copas a granel com a participação de equipes brasileiras. Em Santa Catarina tivemos o jogo de dois times que já foram até da elite, a Série A do Brasileirão, depois deram para trás e hoje estão na terceira divisão: Joinville x Figueirense. O primeiro tempo terminou com 0 a 0. O Blog foi postado antes do final da partida.


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