SEMANAL

 


Primeiro de Maio é o Dia do Trabalhador. Por isso é feriado e ninguém precisa trabalhar, salvo algumas exceções como nas áreas da segurança, saúde e gastronomia. Já foi um grande dia de festa, no tempo em que as empresas ofereciam churrascada e barris de chope. Mas, os tempos mudaram. Talvez recebam uma mensagem elogiosa e pão com “mortandela”. Picanha, pelo menos por enquanto, nem pensar. Na sua mensagem relativa à data o presidente Lula não falou em preços. Comunicou que vai começar as negociações para que o Brasil passe a ter dois dias de descanso semanal.


BARRO


Os fãs ricos estão indo de avião. Os pobres de ônibus. Os ricos podem se dar ao luxo de se hospedar no Copacabana Palace. Os pobres ficam acampados na praia. Mas todos querem estar no Rio de Janeiro para não perder, no dia 3 de Maio, a apresentação única na América do Sulde Lady Gaga que será gratuita para o povão e paga para quem quiser ficar tietando pertinho do palco. Alguns já ficaram felizes por terem visto bailarinos, que acompanham a cantora, na sua ida até uma boate próxima. Da para imaginar a emoção dos que conseguirem tocar na verdadeira deusa com pés de barro.


CAPITU


Outra fonte dominante no romance é na guerra contra o realismo, ao menos naquilo que ele representa de perpetuação das forças sociais. Como confessa o Professor Bento: “Capitu, contribuíste bastante com o meu projeto de negritização do meu lugar, quando viveste entre nós. Havia certas coisas que só aconteciam com mágica”. A “mágica” de O Dom de Casmurro permite que o texto rompa com todas as regras de verossimilhança sustentadas há mais de dois séculos pela trajetória romanesca. Casmurro salta das páginas de Machado de Assis, asswim como Capitu já havia feito; Bento, por sua vez, deixa o romance Legbas, Exus e Jaracumbach Blues (2012), do próprio Endoença Martins, para encontrar-se com os demais, incluindo a Bertília, que já aprecia como evocação em Enquanto isso em Dom Casmurro. Reunidos nos anos de chumbo, em meio ao cenário de uma Universidade invadida e vigiada pelos militares, a ação se concentra no jogo de fuga de Casmurro e na procura por si mesmo ao estabelecer laços de afetividade com os outros personagens. O estilo epistolar predomina na confissão que cada um dos principais personagens (Bento, Casmurro, Eileen, Anamária e Bertília) dirige a Capitu.


ESCOBAR


Nesse jogo de “realismo mágico”, como o denomina o Professor Bento, as barreiras do tempo são as que mais sofrem as consequências. Capitu, tendo partido da capital carioca dos finais do Século XIX, aporta em finais dos anos 80 em Blumenau de Enquanto isso em Dom Casmurro, retornando à ação dos anos 70 de O Dom de Casmurro. Casmurro, por seu turno, parece possuir uma idade indefinida, que o confunde tanto ao jovem frequentador do campus e ardoroso amante das mulheres que o salvaram das garras inimigas, como ao homem mais maduro, com um casamento falido nas costas e um filho já homem e morto. Além disso, a ação parece enfocar o joem casal ainda preso aos ciúmes provocados pelo amigo e amante Escobar.


VALE


Trata-se de quebrar deliberadamente qualquer expectativa de verossimilhança por parte do leitor, como se um dos projetos propostos pela Modernidade estivesse fadado à desilusão. Contudo, ainda que reescevendo o realismo, o romance é também responsável por acercar-se do caráter histórico, quando traz à tona o último período ditatorial da história brasileira ou ainda resgata a história da colonização do Verde Vale.


VIDA


A recuperação do passado blumenauense é dada por três personagens que protagonizam as três maiores etnias envolvidas no processo. Eileen representa a Blumenalva, a facção hegemônica e germânica que prevaleceu inpávida na história oficial. Anamária, a parte sub-hegem\õnica e italiana, usada como escudo pelos alemães contra os primeiros habitantes indígenas no movimento colonizador; por fim, Bertília representa a memória negra e escrava, inviabilizada pelas outras étnicas. Alvo também da violência perpetrada pelo colonizador foram os indígenas. A escritora Urda Alice Klueger, a quem o romance foi dedicado, esclarece que os alemães não foram os primeiros a chegar. Lusos, mulatos e caboclos foram de imensa importância, pois tais europeus não tinham conhecimentos necessários para a sobrevivência na Floresta Atlântica. Foi com os escravos de Poço Grande e com outros ditos “naturais” que aprenderam a fazer suas casas com ripas amarradas com cipó, além de pão de milho e de aipim, vegetais americanos, que com muitas outras coisas lhes garantiram a vida.


EVIDENTES


Com o posfácio, que terminou chamando a atenção para a mudança do Dom título de poder pelo Dom substantivo concreto, quase nem preciso comentar o texto do livro de José Endoença Martins, que batalha pela raça negra. Vale lembrar que Machado de Assis era neto de escravos alforriados. O pai, Francisco José de Assis, era pintor de paredes e a mãe, Maria Leopoldina Machado de Assis, de origem portuguesa, era lavadeira. Pelo racismo reinante, para esconder a sua negritude, suas fotos passaram por processo de embranquecimento. Foi graças à foto publicada na revista argentina Caras y Caretas que se descobriu que Joaquim Maria Machado de Assis tinha pele retinta e traços negros evidentes.


MARCADOR


Nesta quinta-feira aconteceu a decisão da Superliga de Voleibol Feminino. As paulistas conseguiram eliminar as mineiras e jogaram a final do Ginásio do Ibirapuera. Há 15 anos São Paulo não era palco da festa das campeãs e há 8 que não tinha uma equipe mineira (Minas de BH ou Praia Clube de Uberlândia. Osasco e Bauru proporcionaram um belo espetáculo e quem se sagrou-se campeã eu conto amanhã. Osasco está vencendo por 2 “sets” a 1 e tem 14 a 12 no marcador.



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