RELIGIÕES

 


Quando o Papa Francisco apareceu e falou, ainda que com voz fraca, para a multidão que se apinhava na Praça São Pedro, ouviu os aplausos de quem acreditava na sua total recuperação. Mas, talvez pelo esforço, na madrugada do dia seguinte, sofreu um AVC que lhe custou a vida. O impacto e repercussão da sua morte ocupou os espaços de todos os meios de comunicação. Gostei de ver a edição exibida na TV das cenas de suas visitas. a vários países de todos os continentes. Mostrou populações felizes ao vê-lo e poderem tocá-lo. Alegre, simpático e carinhoso o maior líder católico, com seu carisma, conquistou simpatias de todas os povos e religiões.


PRESIDENTE


O presidente Lula distribuiu longa nota enaltecendo as qualidades do sumo pontífice, recordando os dois encontros, com conversas particulares, que ele e Janja tiveram com o Papa Francisco, lamentou a sua morte e decretou luto de sete dias no nosso país. Presidentes, líderes religiosos e autoridades do mundo inteiro fizeram declarações a respeito do trabalho pastoral do prelado, destacando que foi o primeiro na Santa Sé a emitir uma encíclica sobre a questão da preservação da natureza. Muitos irão para o sepultamento, entre eles o nosso presidente.


RODAS


A morte do Papa Francisco fez com que o Dia de Tiradentes passasse praticamente esquecido. O Martir da Independência já é figura dos livros de história e o Sumo Pontífice um homem atual que teve a coragem de mexer com uma série da problemas que existiam impunes dentro da igreja, como a repugnante pedofilia. Aceitou a volta dos divorciados para a eucaristia, nomeou mulheres para cargos que eram exclusividade dos homens, pediu perdão aos indígenas e revelou-se amigo da Amazônia. Foi um peregrino mesmo com o joelho estourado e usando cadeira de rodas.


MENTEM


O comércio exterior do Brasil nos últimos 12 meses, até Março, totalizou 608 bilhões de dólares. Este valor só foi superado pelo mesmo período até Março de 2023, quando atingiu 610 bilhões de dólares. Foram 337 bilhões de exportação e 271 bilhões de importação, com um saldo positivo de 66 bilhões. Com os países dos BRICS (10 membros plenos e 12 não plenos) o comércio do Brasil registrou 235 bilhões, um recorde histórico. As transações com os EUA, que eram superiores a 20% do total passaram a oscilar entre 13% e 14%. Os números não mentem.


Estou me aproximando do fim do papo imaginário de Marco Antonio Arantes com Ingo Hering, no livro “Conversa com Ingo Hering Hoje”. Quando o empresário falou de “distributivismo pŕatico” suscitou a pergunta:


LEI


E a lógica de mercado, sozinha, se encarregará disso, ou o Estado, de alguma forma, de qualquer forma, pode interferir?


- Não pode haver dúvida de que o Governo deve interferir para melhorar as condições de trabalho e aliviar – como medida de emergência – a miséria mais crassa das regiões que só parcialmente estão integradas ao sistema capitalista. Mas, como já dissemos, a grande linha de elevação do padrão de vida depende da eficácia do nosso modelo em si – que tem funcionado melhor do que a maioria percebe – porque se faz aos poucos. O aumento relatvo maior dos salários inferiores virá, porém, somente quando nossa economia ficar mais saturada, e não por lei (1986).

NEGATIVAS


O Governo deve fazer tudo para melhorar as condições de trabalho, mas não pode interferir diretamente na economia. Como funciona isso?


- Não se pode negar que existe, atualmente, uma nítida tendência liberalizante – e não só no mundo ocidental mas mesmo, em forma embrionária, nas economias totalitárias. Compreendeu-se, finalmente, que a ação direta na economia produz geralmente efeitos diversos dos desejados, além de aumentar desproporcionalmente a burocracia. A própria estatização de empresas, antigamente a panaceia recomendada por bem intencionados teóricos para promover maior justiça social, perdeu seu brilho, até mesmo entre eurocomunistas, porque se constitui em fonte de deficit estatal, sem oferecer melhores condições para seus assalariados do que em sociedades privadas equivalentes. O grande equívoco de todas as teorias levadas ao extremo é o de não considerarem, com a necessária objetividade, as virtudes, mas também as fraquezas humanas, e que as qualidades, em si positivas, levadas ao extremo se tornam negativas (1987).


POBRE


E como se leva ao extremo a justiça social, por exemplo?


- Entendemos o conceito de “distribuição mais justa de rendas” que comumente é usado de forma emocional, num sentido mais objetivo: que dos bens criados pela iniciativa econômica, deve-se repartir uma parte com aqueles que, por causas ligadas a um longo e histórico retardamento, ou outros motivos, ficaram num estado de pobreza, em contraste com a parte mais desenvolvida. Mas não achamos justificada a interpretação esquerdista: a de que a partir de um “bolo” formado por todos, uma minoria separou para si uma fatia injustificadamente grande (talvez mancomunada com o governo), às custas de uma grande maioria pobre (1987).


CONTROLADA


Até que ponto o tributo seria uma via redistributiva?


- O sentido social básico dos impostos reside não só em sua aplicação mas, mais ainda, na sua incidência, que constitui a alavanca mais eficaz para a distribuição de renda, de forma democrática. Se queremos reduzir as intervenções imediatistas do Governo na economia e dar um espaço máximo para a livre iniciativa, devemos conceder-lhe as receitas de que necessita para executar suas tarefas legítimas. Nos países em desenvolvimento, estas são volumosas quanto à infraestrutura e investimentos supletivos que, reconhecidamente, o setor privado não pode atender integralmente. Temos que reconhecer, também, que em regiões muito atrasadas a atuação do Governo deve ser mais intensa, notadamente em obras socialmente produtivas, como irrigação e obras contra a seca, colonização e assemelhados; e mesmo – de forma muito criteriosa – em algumas formas de assistência direta. Se queremos servir ao Deus da livre iniciativa, temos que dar ao Cesar/Governo o de que ele precisa realmente em impostos, porém de forma democraticamente controlada (19870.


MILAGRE


Um “liberalismo-mas-não-muito”, então.


- Um liberalismo realista. E também na política e no comércio exterior a filosofia do liberalismo realista pode dar muitos subsídios. Para medir a magnitude das suas consequências só precisamos recuar ao período entre as duas grandes guerras. Então dominava a teoria da geopolítica, que se expressava, do lado dos “have-nots”, pela ideia da conquista do “espaço vital”. A Alemanha nazista visava a conquista do Leste (Ostpolitik), a Itália fascista sonhava com o “mare nostrum” e o Japão invadiu a Manchúria e a China – todos na convicção de que só assim podiam sobreviver. Quantos milhões de vidas sacrificadas inutilmente! Pois com a liberalização cada vez maior, depois de 1945, do comércio mundial (fruto do liberalismo realista) o Japão e a Alemanha Ocidental tornaram-se dos maiores exportadores mundiais e também a Itália teve o seu “pequeno milagre” (1987).




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