RANÇO
A Cãmara Municipal de Itajaí aprovou por 11 votos favoráveis e 1 contra a moção do vereador Victor Nascimento (PL) de repúdio ao presidente Lula tornando-o “persona non grata” no município portuário. Os motivos são a retirada da gestão e autoridade portuária municipal, o descaso com a sociedade itajaiense e o desrespeito ao governador Jorginho Mello. Mostrando que não é vingativa, nem retaliador, o seu governo, em reunião com a FIESC, anunciou que assumiu a dívida de 48 milhões de reais de administrações anteriores e garantiu a continuidade da dragagem e operações do terminal portuário. O Ministério dos Portos e Aeroportos também comunicou que estão sendo elaborados dois editais de licitação. Um voltado à gestão do canal de acesso e outro para a operação do terminal de cargas. Por causa do trâmite burocrático estima que o leilão do canal de acesso aconteça em Dezembro de 2025 e o do terminal de cargas em Março de 2026. A FIESC reforçou a importância de um cronograma formalizado e transparente para o acompanhamento da dragagem e dos processos de concessão. É assim que se faz política inteligente e sem ranço.
HANGAR
Um avião que levantou voo em Guaramirim fez um voo panorâmico, tendo a bordo o piloto e o dono da aeronave, para ver de cima Garuva, na divisa de Santa Catarina com o Paraná. No retorno o motor começou a pifar e o inusitado aconteceu. O piloto resolveu pousar na BR-101. Deu muita sorte que um caminhão conseguiu parar evitando o choque e não havia carros trafegando no trecho. Depois o aviãozinho foi empurrado para o acostamento e mais tarde mecânicos desmontaram as asas e o aparelho foi guinchado para o seu hangar.
MÃO-DE-OBRA
Dou sequência à “Conversa com Ingo Hering Hoje”, que Marco Antonio Arantes montou com as suas perguntas e as respostas colhidas na publicação de textos do empresário blumenauense. Crio no meu Blog o sétimo capítulo, com o autor inquirindo:
Bem, a inflação já não é o nosso maior problema, mas sim o pĺeno emprego. Na sua visão neoliberal, como inserir na produção e no consumo os vastos contingentes de excluídos?
- Sim, devido à explosão demográfica e sua tendência migratória às grandes cidades, nossa demanda por empregos é intensa. Atualmente fala-se muito que a bem de uma maior oferta de empregos, dever-se-ia incentivar mais as pequenas e médias indústrias, que empregam relativamente mais mão-de-obra que a grande, mais racionalizada. Porém, as pressões dos sindicatos por salários mais altos afeta muito mais as primeiras do que a segunda, que pode pagar – e paga – melhores salários, se bem que mediante uma racionalização ainda maior. A racionalização foi o meio que permitiu o aumento espetacular de salários nos países altamente industrializados. Chocam-se, pois, as duas alternativas: ou maiores salários e menos vagas, ou aumentos salariais reais mais modestos e maior emprego de mão-de-obra (1979).
PRODUTIVO
Com a participação dos operários nos lucros das empresas?
- Essa ideia é das mais tentadoras e, aparentemente, lógicas: além do significado social e humano, teria também a virtude de conciliar o capital e o trabalho. Mas o fato de ela ainda não ser realizada com sucesso, de forma coletiva e genética, em nenhum país, deve dar o que pensar. O que houve, e há, esporadicamente, aqui e em outros países, são iniciativas individuais, que, naturalmente, não provam a exequibilidade da ideia, quando ela se torna obrigatória e generalizada. No setor de relações operários-patrões, a grande diferença de rentabilidade das empresas entre si, o que nem sempre depende da eficiência da administração, causará extrema desigualdade na participação em cada caso. Nos países com industrialização incipiente, é perfeitamente natural que o grau de eficiência e maturidade entre as administrações seja muito desigual. Abstraindo este fator humano, a diferença intrínseca de rentabilidade entre indústrias de diferentes ramos e mesmo dentro do mesmo ramo maquinário mais, ou menos, moderno etc.) seria enorme e quase insanável. Esta desigualdade de lucro e, consequentemente, de participação, será eterna fonte de discussões entre empregados e patrões. Acreditamos, pois, que uma participação direta e generalizada dos operários nos lucros das empresas – tão lógica e justa à primeira vista – traria mais frustrações e suspeições para empregados e empregadores do que satisfações e vantagens reais, sendo ainda empecilho à absorção das camadas que ainda esperam sua integração no ciclo produtivo.
CONTRAPRODUCENTE
O fato é que a Constituição pós-Estado Novo, de 1947, já contemplava essa ideia, e o próprio Getúlio cuidou de uma “participação” mínima do empregado nos ganhos da empresa, instituindo o salário também mínimo.
- Muitos dos que hoje se dizem democratas tentam reavivar a mística getulista, assim demonstrando que, no fundo, descrêem na democracia, querendo tornar-se líderes carismáticos por mio do carisma emprestado do seu velho mestre. Salário mínimo tem importância apenas relativa, e costuma-se falar do seu aumento substancial. É uma boa propaganda para qualquer partido, especialmente de oposição, mas seria o maior desserviço que se poderia pestar, justamente às classes mais pobres. Há uma crença generalizada, não só entre esquerdistas, mas também entre muitos adeptos da livre iniciativa, de se podem decretar salários. Pode-se, no máximo, decretar o salário mínimo, porém, a sua fixação acima das reais possibilidades da economia traz, a médio e longo prazo, somente desvantagens para os próprios trabalhadores. As pequenas e médias empresas começam a pagá-lo só no papel, e as mais organizadas, que não podem usar este expediente, são obrigadas a compensar o salário pago àqueles que não lhe fazem jus, por salários relativamente menores aos que mereciam mais. Qualquer artificialismo para puxar os salários para cima sempre se tem provado inútil e mesmo contraproducente (1979).
OUTROS
A solidariedade conta, nessa formulação?
- Fala-se muito de solidariedade, e isto quase sempre no sentido de que os mais ricos devem tê-la para com os mais pobres. Sem dúvida, é um mandamento ético, cristão, mas depende da boa frmação de cada um. As leis sociais podem definir o mínimo a ser obedecido por todos, mas não podem estabelecer procedimentos de solidariedade, sempre interpretados de forma subjetiva e individual. Onde a mentalidade da solidariedade menos funciona é na relação entre indivíduos e país. Não existe a compreensão de que a soma de todos faz o povo, e que qualquer privilégio de que alguém queira se aproveitar tem que ser pago pelos outros. Quanto mais “formal” e menos “real” for uma democracia, tanto menos pode-se esperar uma solidariedade efetiva entre governados e governantes. E os que mais se exaltam sobre reais ou supostos privioégios são os que mais se apegam a eles – em nome da justiça social – quando podem usufruí-los. Os líderes estudantis, por exemplo, protestam contra a fome e os baixos salários, etc., mas são ferrenhos defensores do ensino gratuito nas universidades federais. Um país em desenvolvimento não se pode dar ao luxo de presentear uma minoria privilegiada, composta geralmente de filhos de famílias abastadas, com uma educação superior caríssima, paga indiretamente por aqueles que não podem tê-la. Se só a metade dessa despesa pudesse ser aplicada no ensino fundamental, como se poderia melhor a educação da camada mais humilde – mas, solidariedade só se exige, sempre, dos outros (1980).
ARCAICO
O senhor mencionou “mandamento ético, cristão”, mas não tem uma relação especialmente amistosa com a Teologia da Libertação. Quer comentar?
- Quase todos os nossos problemas podem ser reduzidos à dicotomia de “dois brasis”. Um, arcaico, com baixa renda per capital e alto crescimento populacional, e outro, progressista e dinâmico, com já bastante alta renda per capita e menor crescimento populacional. Felizmente, nossa extensão territorial é tão vasta que há possibilidades para uma agropecuária moderna, empresarial, e uma ocupação mais vegetativa do campo. Estabelece-se uma distinção ideológica entre “terras de exploração, de que o capital se apropria para gerar sempre crescentes lucros” (o vilão) e “terra de trabalho”, possuída por quem trabalha na terra (apresentado como “ideal cristão”). Essa distinção é tanto menos compreensível porque muitos dos prelados – notadamente do Sul – sabem que, aqui, a maioria da agricultura empresarial (capitalista) surgiu do trabalho árduo e de extrema poupança dos colonos. O documento “Igreja e Problemas da Terra”, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, entra perigosamente em matéria ideológica. Ele fulmina todas as formas capitalistas na agricuoltura e endeusa um modelo agrário que, sozinho, não pode encher as panelas de um país com o nosso crescimento populacional. É irônico que aqueles que se consideram “progressistas” optaram, na verdade, por um “Brasil arcaico” (1981)
SOCIEDADE
As religiões não devem ter uma ideologia, portanto?
Não é isso. Ocorre que a História mostra que os perfeccionismos e idealismos extremos (utopia) são a causa da maioria das desgraças mundiais. As guerras religiosas foram sempre as mais cruéis e, mesmo abstraindo as crueldades quase “normais” em todas as revoluções, as piores foram as revoluções ideológicas, como a Revolução Francesa e as revoluções comunistas. Concordamos com Colletti em que as sociedades democráticas tem enormes defeitos, mas, sendo abertas e pluralistas, deixam o campo livre para constantes aperfeiçoamentos. Se superarmos o flagelo ideológico e descartarmos a utopia do homem novo, poderemos chegar a uma real e democrática discussão dos nossos problemas. Sabendo, porém, que nunca chegaremos ao ideal, que só pode servir de guia, mas nunca como medida de comportamento real do homem e da sociedade (1981).
ADVERSÁRIO
A segunda rodada do Brasileirão da Série A teve início na noite de sábado com os times donos da casa saindo vencedores: Ceará 2 x 0 Grêmio, Corinthians 3 x 0 Vasco e Botafogo 2 x 0 Juventude. O campeonato teve sequência na tarde deste domingo com Atlético Mineiro 0 x 0 São Paulo e Fluminense 2 x 1 Bragantino, às 16 horas. Às 18:30 jogam Internacional x Cruzeiro, Mirassol x Fortaleza, Vitória x Flamengo e Sport Recife x Palmeiras. Às 20:30 Santos x Bahia completam a rodada. O Corinthians é o líder por causa do saldo de gols. Pode ser desbancado se algum time dos que empataram na primeira rodada golear o adversário.
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