LEITORES

 


Lula não tirou o chapéu, não falou mal do governo anterior, nem apresentou números. Em pouco mais de 3 minutos fez o seu pronunciamento de Natal bem elaborado. Conclamou à união, que os irmãos, brigados por política, se reconciliem e que haja a defesa intransigente da democracia. Embora não seja filiado ao PT, faço minhas as palavras do presidente da república e desejo um Feliz Natal a todos os leitores.


MERECE


Embora não seja um presente de Natal, Blumenau foi selecionada para ganhar um centro cultural no bairro Salto do Norte. O ministério da cultura vai destinar 2 milhões de reais para o espaço denominado CEU da Cultura, dentro do PAC. O governo estadual é o responsável pelo cronograma de execução da obra. Depois de concluído o centro cultural será entregue para a administração municipal com todos os equipamentos necessários ao atendimento da comunidade. A estrutura básica vai dispor de espaço para incubadora cultural, sala multifuncional, biblioteca e pátio coberto, além de áreas para a secretaria, banheiros, copa, vestiário e acervo técnico. Espero que o dinheiro venha logo e que o governo estadual não nos relegue para segundo plano. Blumenau merece.


DODÓI


Daniel Silveira teve concedida a liberdade condicional há 4 dias e já voltou para a jaula. Não obedeceu o horário do recolhimento determinado como critério na liberdade condicional. Alexandre de Moraes está de plantão em Brasília, e deu a ordem para a Polícia Federal prender o ex-deputado no Rio de Janeiro. A defesa argumenta que o descumprimento foi por causa de uma visita a hospital e a ordem de nova prisão é uma “total arbitrariedade do STF”. Xandão, piedade, o homem estava dodói.


LEITE


Morreu em Porto Alegre, com 97 anos de idade, em consequência de uma pneumonia, Alceu Collares. Ele foi o primeiro e único governador negro do Rio Grande do Sul. Governou de 1991 a 1995. Foi também o primeiro prefeito negro da capital gaúcha, de 1986 a 1989. Alceu de Deus Collares nasceu em Bagé, filho de pais analfabetos e na infância teve que deixar a escola para vender laranjas e ajudar a família. Depois tornou-se carteiro e voltou a estudar. Fez o vestibular e aprovado mudou para Porto Alegre, onde trabalhou como telegrafista, professor e estudou direito na Universidade Federal. Formado envolveu-se na política acompanhando o discurso de Leonal Brizola. Foi também eleito vereador e deputado federal por dois mandatos. Justificados os 3 dias de luto decretados pelo governador Eduardo Leite.


PILAR


No “Livro sobre livros”, de Enéas Athanázio, encontro os dois capítulos que ele dedicou a José Saramago. Começa destacando o fato do escritor luso ser o único de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Ele com Pilar del Rio formaram um dos casais mais admirados de todo mundo. Vivendo na ilha vulcânica de Lanzarote, criaram um estilo de vida invejável. Ele desfrutava na plenitude a vivência de escritor e ela realizava suas tarefas jornalísticas de intensa repercussão. Falando com sinceridade e chegando a fazer confissões íntimas, em longas entrevistas propiciaram ao jornalista Miguel Gonçalves Mendes o conteúdo para o livro “Conversas Inéditas: José e Pilar”.


MELHORES


O livro foi prefaciado por Valter Hugo Mãe, que logo no início escreveu: “Defino categoricamente José Saramago pela sua honestidade intelectual, uma frontalidade que caracteriza todo o seu discurso. Poucos serão os escritores, os muito grandes escritores, que assumiram de modo tão declarado seu compromisso ideológico, talvez até sua utopia, dentro e fora dos livros, à procura de se colocarem diante da sociedade como essa voz de uma tremenda transparência e reiterada preocupação”. Enéas Athanázio arremata: “De fato, ele sustentava suas posições sem se importar com as consequências e estas nem sempre foram as melhores”.


IDIOMAS


A literatura de Saramago, sem dúvida, é desconcertante para os espíritos conservadores. Escreveu sem a divisão em tópicos e capítulos, eliminou a pontuação encrustou o diálogo no próprio texto expositivo e se valeu de outros recursos que exigem bastante do leitor para bem absorver sua obra. Ocorreu a mesma estranheza que as primeiras obras de Nadine Gordimer e Guimarães Rosa. Com o tempo Saramago foi melhor compreendido e admirado. Tornou-se um dos mais lidos escritores, traduzido para vários idiomas.


OPINOU


José Saramago não teve vida fácil e dizia que pouco tinha para contar de colorido. Serralheiro mecânico de profissão, perdeu o emprego. Ninguém lhe ofereceu trabalho e também não pediu. Foi então para o Alentejo e decidiu escrever. Foi a grande decisão da sua vida. A escrita evoluiu e quando deu por si tinha em mãos o romance “Levantando do chão”. O livro foi bem recebido e nasceu o que a crítica apelida de homens de letras. Não parou mais de escrever. “Se sou escritor, tenho que escrever porque é isso que faz de mim uma pessoa diferente das demais”, opinou.


LADO


Em outra passagem Saramago se refere à influência alheia sobre as pessoas. Dizer que alguém faz da sua vida o que quer soa falso, porque ninguém é imune à influência, por mais que procure ser independente. A influência dos outros pode ser maior ou menor, mas jamais deixa de acontecer. Citou suas relações com seu país natal, Portugal, onde um de seus livros foi censurado e proibido de circular, fato que motivou sua mudança para Lanzarote. Não via a ilha, contudo, como morada definitiva e sim como acampamento no meio do caminho. Não poupou os compatriotas, considerando-os invejosos e ressentidos. Confessou que não acredita em inspiração; o que há é trabalho, suor e esforço. Afirmou que em arte, em literatura, nenhuma obra tira o lugar de outra; elas convivem lado a lado.


ETERNIDADE


Explicou em detalhes o famoso caso do “Diário de Notícias”, difundido em todo o mundo, em que o acusavam de haver prejudicado numerosos colegas de ofício. Afirmou que não teve qualquer participação ou responsabilidade no evento, tudo não passando de pura maledicência. Abordou vários outros temas, como a saudade, a morte, a fé, a religião, o apego ao chão natal, as memórias, os amigos, as realizações, as conquistas. Referindo-se à vida eterna, lembrou que ela seria uma vivência infinita com a velhice. Indagou: Que vantagem haveria em viver para sempre e como velho? Por fim, entre tantas confissões, ele e Pilar falam do casamento e da vida em comum. Ambos enfatizaram que são movidos pelo trabalho, mesmo porque, para descansar, todos disporemos da eternidade.



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