HISTÓRIA
Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, chaveiro em Rio do Sul, onde, como Tiú França, foi candidato a vereador pelo PL e só obteve 98 votos, pegou o carro foi para Brasília e há duas semanas alugou “kitnet na cidade satélite de Ceilândia. No fim da tarde de quarta-feira foi para a Praça dos Três Poderes. Quis entrar no STF com sua mochila e foi impedido pelos seguranças. Saiu e dirigiu-se para a Estátua da Justiça. Não permitiu que se aproximassem e retirou artefatos explosivos da mochila. Depois deitou e esperou a bomba explodir pondo fim a sua vida. Foi pouco depois da explosão do seu carro perto do Anexo IV da Câmara dos Deputados, esperando, como homem-bomba, deixar o nome na história.
TRESLOUCADOS
Vizinhos em Ceilândia contaram que era um cidadão gentil, divertido e que sempre costumava ajudar. Para uma vizinha deu uma nota de um dólar, na qual escreveu seu nome, e disse para guardá-la porque iria ter um grande valor. No espelho da “kitnet”, em total desordem, deixou conselho para mulher presa em 8/1: “Por favor mão desperdice batom. Isso é para deixar as mulheres mais bonitas. Na Estátua de Merda se usa TNT”. Nela a Polícia Federal encontrou mais materiais explosivos prontos para serem detonados. A PF também encontrou uma “carretinha” na Esplanada dos Ministérios, que pertencia ao suspeito do atentado e levou o veículo para área segura, onde foi aberto e encontrado um celular, que vai para perícia. Os policiais desativaram os explosivos junto ao seu corpo, na “kitnet” e nos veículos. Na manhã desta quinta-feira continuaram com a varredura, inclusive utilizando robôs antibombas. Nas redes sociais postou o texto de conversa com ele mesmo fazendo ataques ao STF, ao presidente Lula, a Arthur Lira e a Rodrigo Pacheco. Na foto que postou do STF a legenda: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”. A sua ex-mulher declarou que ele pretendia matar Alexandre de Moraes e quem estivesse junto dele. Alguns indivíduos se deixam carregar pelo ódio das mensagens e discursos e partem para atos treloucados.
RESOLVER
Não gostei de ficar sabendo que Blumenau ocupa em Santa Catarina o segundo lugar das cidades com mais moradores em favelas. Só Florianópolis tem mais. Por outro lado, Joinville, nossa maior urbe, situa-se apenas na 10a posição. Um sinal de que na Manchester Catarinense houve uma preocupação séria na questão da habitação privilegiando áreas com água, energia elétrica, esgoto e infraestrutura. Vi o vídeo com a alegria comovente de uma blumenauense com quatro filhos menores ao receber a chave do apartamento do projeto Minha Casa, Minha Vida das mãos do prefeito Mário Hildebrandt. Com ela mais quatro novos proprietários da casa própria. Precisamos de mais alegres proprietários. No Rio de Janeiro as favelas ficam bem aparentes. Aqui a gente não as vê porque se escondem atrás dos morros.
BERTÍLIA
Chego ao 12o e último capítulo do livro “Enquanto Isso em Dom Casmurro”, de José Endoença Martins. Ele não conta se Capitu conseguiu pegar o Livro de Borg. Depreendo que sim porque fala da negritude de Blumenau no tempo do Vereador Badias, do cantor Príncipe Negro, da louca e santa Bertília e outros negros. Aí traz de volta Bertília para encontro com Capitu, citando “como desejo nas últimas páginas do Livro de Borg”, que as obriga a quererem se ver, avaliar suas vidas, tocar umas nas outras. Cheirar seus cheiros, perguntar, saber, descobrir, informar e, principalmente, dividir a vida que levaram. Capitu pensa que Conike, a empregada alemã, poderia estar ali para conhecer a negra fabulosa que é Bertília.
BEBIDAS
A mesa festiva vai se enchendo de convidadas para o jantar. Elas vêm de histórias possíveis e impossíveis. Ficções humanas engendradas por mulheres negras, santas, espalhadas pelo mundo. Shug, Celie e Netrie conversam sobre A Cor Púrpura, Janie e Meridian suas aventuras, seus padecimentos em Seus Olhos Estavam Contemplando Deus e Meridian, Fanny, Nzingha e Herrier divagam, saudosas, sobre O Templo dos Meus Familiares. Os homens as servem, sem servilismo, mas com amor. Ralph Elisson e Richard Wright se encarregam das bebidas.
COMENTAREI
Capitu bate a faca no cristal, faz-se silêncio na sala, ela chama as irmãs para a mesa e anuncia que Bertília quer dirigir uma palavra para elas. Bertília se levanta e começa a falar: “Senhoras negras, santas, irmãs este nosso encontro aqui dá a partida à nossa visibilidade. Somos invisíveis por dois motivos. Primeiro, porque os outros se recusam a nos ver. Depois, porque não conseguimos nos ver mesmo que queiramos”. Ralph Elisson e Zora Nearle Hurston parecem duas beatitudes negras. Bertília continua a falar reinventando visibilidade das irmãs negras e santas. Quando Conike entrou na sala, o silêncio das negras e santas irmãs foi interrompido por Capitu: “Irmã Conike, nós a esperávamos. Sente-se conosco”. O livro chegou ao fim. Ainda me resta ler o Posfácio, que tem 22 páginas e ainda comentarei.
GAÚCHO
O Flamengo gastou todo o gás no primeiro tempo do jogo contra o Atlético Mineiro. Não conseguiu marcar porque o goleiro Éverson repetiu a sua grande atuação de domingo e fez defesas milagrosas. Defendeu também o pênalti mal batido por David Luiz. Há 10 anos não cobrava um e passou a mão na bola não permitindo que o Alcaraz fizesse a cobrança, com a qualidade das duas penalidades máximas que converteu em gols. Na segunda etapa o Mengão pode se dar satisfeito de ter empatado de 0 a 0, pois os mineiros foram melhores. Dois pontos perdidos em casa e que tornam muito mais remotas as chances de sonhar com o título, faltando 5 rodas para o fim do campeonato e 9 pontos atrás do líder, o Botafogo. O empate, contudo, fez o Flamengo voltar ao quarto lugar, agora empatado em pontos com o Internacional, beneficiado pelo regulamento. Tem uma vitória a mais que o time gaúcho.
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