DESPREOCUPADAS

 

12 de Outubro, Dia da Criança. Não sei se é puro saudosismo o fato de eu achar que a tecnologia e a educação moderna acabaram com a ingenuidade infantil e também com a criatividade dos meninos e meninas. Ninguém acredita mais na Cegonha, no Coelhinho, no Papai Noel e nas Histórias da Carochinha. As gurias não brincam mais de casinha e cozinhadinho e os guris não pulam mais sela, nem jogam bolinha de gude. Agora é tudo virtual e eletrônico. A criança foi transformada em pequeno adulto, com mais atividades para aprender a competir e disputar medalhas e sem tempo para brincar despreocupadas.


ROMARIA


12 de Outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida. A pequenina imagem atraindo para a maior igreja católica brasileira milhares de fiéis. Espera-se 112 mil. Uns para agradecer pelas graças alcançadas e outros para rogar à madona negra, padroeira do Brasil, que interceda junto ao filho para que atenda um pedido para si ou para familiares. A fé que remove montanhas também leva cristãos agradecidos ou esperançosos para Aparecida do Norte em grande romaria.


TELHADO


A meteorologia já havia previsto que teríamos temporais, com raios, em diversas partes do país. Em São Paulo houve rajada de vento com 107 quilômetros. Os bombeiros informaram que 140 árvores foram derrubadas. Uma de 10 metros de altura caiu sobre dois soldados que estavam descendo do mastro a bandeira nacional. Um morreu no local e o outro foi levado para o Hospital Militar, onde está internado fora de perigo de morte. Dois milhões e cem mil paulistas ficaram sem energia elétrica. Em Brasília acabou a longa seca e a chuva intensa infiltrou-se, alagou e atingiu móveis e computadores no Plenário da Câmara Federal e em salas das Comissões. Verdade que o aguaceiro ocorreu à noite. Mas verificou-se que os nossos políticos legisladores não conseguem nem consertar o seu telhado.


INGLÊS


Na minha infância ganhei o livro História do Brasil para Crianças, de autoria de Viriato Corrêa. Fiquei tão embevecido com a leitura que me apaixonei pela história. No colégio tornou-se a minha matéria preferida e aquela na qual obtive sempre as melhores notas. Por isso, fico com vergonha de ter que confessar que nunca tinha ouvido falar de Eric Hobsbawn, citado por Enéas Athanázio em seu “Livro Sobre Livros” como o maior historiador do século passado. Mais ainda ao saber que ele manteve relações sempre amistosas com nosso país. Talvez tenha sido relegado pelo fato de ser marxista e ter sido filiado ao partido comunista inglês.


ARMADA


Assim, por exemplo, Eric Hobsbawn em seu livro “Bandidos” em que abordou o banditismo social sem viés ideológico ou pré-ideológico, focou sua atenção em atores que não conheciam o fascismo, o nazismo e o marxismo, que dominaram o Século XX. Eram revolucionários primitivos que agiam por motivos pessoais. O “bandido social”, como escreveu, era um representante da sociedade rural, vivendo às suas margens e lutando pela redistribuição da riqueza, como Robin Hood, ou vigando-se por males cometidos, como Lampião, ou organizando uma resistência esporádica e desorganizada contra o Estado. Viajou várias vezes pela América Latina e ficou horrorizado com a ditadura militar na Argentina que, com o apoio clandestino dos Estados Unidos, prendia, torturava e desapareceia com dezenas de milhares de cidadãos suspeitos de aderir ou apoiar movimentos de resistência armada.


LONDRES


Em importante palestra na UNICAMP, em Campinas, alertou que estava na hora de varrer para o passado os golpes militares e conciliar o Brasil e a América Latina, de uma vez por todas, com a democracia. Suas palavras repercutiram, embora a imprensa ainda sofresse os efeitos da censura. Em 2003 Eric Hobsbawan foi a estrela da FLIP, a Feira Literária Internacional de Parati. Fez palestras, deu entrevistas, autógrafos e conviveu com todos os que o procuraram. Tinha apreço pelo Brasil e apreciava a música popular brasileira. O historiador britânico, nascido em Alexandria, morreu em 2012, com 95 anos de idade, em Londres. 

 

COPACABANA

 

Mais um humorista brasileiro partiu desta para melhor. Ary Toledo (87)faleceu no hospital em que estava internado há três semanas. A causa da  morte não foi anunciada. Ele também foi cantor, músico, compositor, teatrólogo, ator e dublador. Mas foi com o humor que se notabilizou, principalmente com a figura do nordestino que, para sobreviver, comia giletes na praia de Copacabana.

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