PIERROT

 


Nunca fui de pular carnaval. Apenas duas vezes em toda a minha vida fui levado para um salão de baile em dia da Festa de Momo. A primeira vez na minha infância. Minhas primas me levaram para o carnaval infantil da Sociedade Batel, em Curitiba. Fizeram para mim uma fantasia de Aladim. Estava eu sentado num canto quando veio um menino me tirar para dançar. Claro que não fui e nunca mais botei o turbante na cabeça. A segunda vez foi quando meu cunhado Nery Althoff e meu padrinho de casamento Reneo Laux, já turbinados, foram bater na porta do nosso apartamento e nos tiraram da cama. Esgotaram uma garrafa de whiskey, enquanto mudávamos de roupa, para ir forçados ao Baile de Carnaval do Olímpico, no Carlos Gomes. Guardo a fotografia em que apareço com a cara mais triste do que um “Pierrot”.


FANTASIAS


Depois da fantasia de Aladim só voltei a me fantasiar nas festas juninas e uma vez na Alemanha, quando num encontro das famílias católicas desempenhei o papel de São Nicolau e tive que me fantasiar de bispo. Admirava minha falecida cunhada Leoni, que todos os anos se mandava de Curitiba para o Rio, a fim de ir com a irmã e o marido, que moravam lá, para assistir aos desfiles das Sociedades Carnavalescas. Iam cedo para pegar lugar e viravam a noite se divertindo com a batucada, os carros alegóricos e as luxuosas fantasias.


ENREDO


Nunca gostei de Carnaval e tive a felicidade de casar com uma mulher que também não gosta. Mas, tanto ela quanto eu sempre aprendíamos a cantar marchinhas carnavalescas. Elas faziam críticas sociais e abordavam temas então atuais. Jamais esquecemos algumas delas que fizeram grande sucesso na vozes de cantores e cantoras que marcaram a nossa juventude. Pena que foram deixadas de lado, para privilegiar as músicas usadas para puxar as escolas de samba, denominadas samba-enredo.


TRISTEZA


Além das marchinhas carnavalescas, que não existem mais, também aprecio a criatividade dos foliões de Florianópolis. Eles inovaram quando lançaram os carros alegóricos com mutações. Estes também não existem mais. Continuam, contudo, com algo que criaram em 1964. Todos os anos fazem o Enterro da Tristeza. Milhares de carnavalescos acompanham o alegre féretro fúnebre, que tem à frente o homem que representa a tristeza e que vai para o caixão, ao lado da viúva risonha e requebrante. Para festejar o Carnaval, os manezinhos enterram a tristeza.


FORA


Neste madrugada a bexiga me fez levantar pouco depois da cinco horas. Na volta do sanitário liguei o rádio de cabeceira e escutei que a Mancha Verde ainda estava desfilando no Anhembi e que ainda faltava a Rosa de Ouro. Isto significa que o Desfile de São Paulo amanheceu. Alegria orgulhosa dos que desfilaram defendendo as cores da sua sociedade e espetáculo para ser curtido pelos paulistas e turistas. A EMBRATUR estima que no Brasil inteiro serão 48 milhões neste ano. São Paulo está fazendo força para fazer frente ao Rio de Janeiro. Salvador correndo por fora.


CARNAVAIS


Vivemos em Colônia, na Alemanha, que tem o maior Carnaval daquele país. Eles também fazem desfiles e tem carros alegóricos. Os desfiles são com participantes fardados e os carros alegóricos fazendo críticas à política e aos políticos. Quem sabe este ano usam o tema Acordo da União Europeia com o Mercosul. A União Europeia composta por 27 países e os que dependem da agricultura são contra o acordo. A Alemanha é a favor porque agricolamente não é autossuficiente e quer se beneficiar da facilidade a ser obtida para as exportações para seus bens industriais.Na minha opinião o acordo vai ficar para outros carnavais.



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